Qual é o preço da Governabilidade?

Zero Hora
Diogo Squeff Fries
Sócio de Souto Correa Advogados

Encerradas as eleições, o partido vitorioso e seus aliados passam a definir a ocupação dos ministérios e secretarias. Em busca da chamada “governabilidade”, caracterizada pelo alinhamento entre executivo e legislativo, cargos no primeiro escalão são oferecidos.

Ocorre que, nesse jogo político, quem perde é a sociedade, pois a experiência administrativa e o perfil técnico não raro são relegados a um segundo plano. O que importa é a governabilidade. Sem desconsiderar a sua importância, o que assusta são as motivações das nomeações. Cargos foram entregues a políticos sem qualquer afinidade com as respectivas áreas. É a política do toma lá dá cá, na qual quem favorece alguém é por este favorecido.

Na base aliada do governo federal, o PC do B, antes com 15 deputados na bancada, terá 10 neste mandato. O PRB saltou de 10 para 21. Como consequência, o PC do B deixa o pujante Ministério dos Esportes – em evidência com as Olimpíadas de 2016 – e a bola é entregue ao PRB. Aos olhos do partido, ganha como prêmio de consolação a Ciência e Tecnologia. E quem são os respectivos Ministros e suas políticas? Isso, muitas vezes, pouco importa.

A nível estadual não é diferente. O governador eleito afirmou que pretendia montar um secretariado que mesclasse perfil técnico e político. Ao que parece, a tão buscada governabilidade falou mais alto. Chegou-se ao inusitado ponto de termos secretario nomeado afirmando que a área é uma novidade para ele. Por trás de algumas nomeações, a consequência é que a fila anda e suplentes assumem vagas na bancada estadual. É o jogo político e a sua lógica distante daquela fundada na meritocracia que impera na iniciativa privada.

Longe de adentrar na análise das nuances políticas, o que se pode dizer é que este modelo político-partidário é falho. Ele prioriza a alocação de políticos em detrimento das necessidades da sociedade. O que os governos precisam, isso sim, são de técnicos e gestores notoriamente capacitados nas áreas a eles confiadas. Precisamos de governos e políticos conscientes e que não fujam de suas reais responsabilidades.

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