"Há campo para fazer negócios", diz advogado que atende clientes do Brasil e da Alemanha

Jorge Cesa
12/10/2017
Zero Hora +Economia

Especialista aponta a área de energia como um dos setores mais promissores para parcerias

Porto Alegre recebe hoje e amanhã o Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) 2017. O advogado Jorge Cesa, responsável pela área German Desk do escritório Souto Correa, é especialista nas relações bilaterais entre os dois países. Nesta entrevista, comenta como o evento pode ser uma oportunidade para o Estado.

Há muita expectativa em relação ao encontro Brasil-Alemanha, até em razão da movimentação recente de empresas alemãs no RS. Qual é a perspectiva razoável em termos de realização de negócios?

Não acho que vamos ter “amanhã” um resultado prático deste encontro. Não vai trazer outra Stihl, outra Fraport, outra SAP. Mas vai trazer uma imagem do RS como um destino de negócio para Alemanha. Do ponto de vista da geopolítica, veremos que a Alemanha é um grande exportador, dos maiores do mundo. Muito exportador de tecnologia também. Por outro lado, o Brasil e o Estado são demandantes de tecnologia. Então, há campo ótimo para fazer negócios. Se olharmos o Brasil com relação à Alemanha, tem dois pontos interessantes. O Brasil é o lugar onde vamos encontrar o maior número de empresas alemãs fora da Alemanha. Onde estão estas empresas? Fundamentalmente em São Paulo. A Câmara Alemã de São Paulo é a maior fora da Alemanha no mundo. O que o EEBA pode fazer é demonstrar o RS como um excelente parceiro de negócios, destino de investimento, de tecnologia das empresas alemãs. Somos um Estado que tem similitude com a cultura alemã. Estão vindo para cá não só empresas, mas gente de instituições alemãs, representantes de ministérios, que podem dizer: “Olha, ali é um destino interessante para fazer negócios.”

Além da tecnologia, dá para identificar outro segmento interessante para estas parcerias?

Energia limpa. A Alemanha é um grande polo de desenvolvimento. Aqui no Estado temos energia eólica bem forte. Podemos desenvolver tecnologia em biogás, biomassa, energia solar. Vejo espaço bem grande de interconexão entre Alemanha e RS. No campo de máquinas também temos espaço bem grande para crescer.

O encontro ocorre enquanto a recessão em tese já acabou, mas ainda sentimos seus estragos. Isso ajuda ou atrapalha?

Acho que ainda atrapalha. Esses encontros econômicos são acertados há bastante tempo. Estou sentindo uma diminuição do interesse da Alemanha no Brasil. Se pagarmos a quantidade de participantes do EEBA há cinco anos e hoje, dá para notar uma diferença. A atitude de trazer o EEBA para cá e buscar cada vez mais contatos com Alemanha é uma atitude correta e necessária. Em um momento de crise, tem de agir. Não adianta ficar de braços cruzados. Faz tempo que viajo para lá e sei o modo como os alemães pensam sobre o Brasil. Atualmente, estão muito reticentes. Isso faz com que atitudes como o EEBA sejam muito importantes para demonstrar o que estamos fazendo, o nosso parque industrial, as empresas, as oportunidades de negócio, a Argentina do lado. Tudo isso nos faz um excelente destino e um bom momento para trazer os alemães para cá.

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