Terminais do Porto de Santos temem falta de carga
A Tribuna e Portos e Navios
25/05/2018
A greve dos caminhoneiros no Porto de Santos continua gerando graves reflexos às operações. Mesmo após o acordo entre o Governo Federal e a categoria, os bloqueios ainda são mantidos e os terminais continuam com capacidade de armazenagem com prometida.
O problema ainda deve se agravar entre esta segunda e terça-feira, quando não haverá cargas de exportação nos pátios das instalações do cais santista.
Em greve desde a última segunda-feira, os caminhoneiros bloqueiam os acessos às duas margens do Porto: na Margem Direita, na Alemoa, e na Margem Esquerda, nas proximidades da Rua Idalino Pinez, conhecida como a Rua do Adubo.
Como resultado, apenas as cargas que estão nos terminais desde a semana passada estão sendo embarcadas e exportadas. Já as que chegam de navio ao cais santista, ficam represadas nos pátios e silos, comprometendo em mais de 80% a capacidade de armazenagem do complexo santista.
“Como os demais portos encontram-se em idêntica situação ao de Santos, não existe reengenharia que resolva essa situação como do tipo desviar a escala do navio para outro porto. Os schedules (programações dos navios) com essas greves estão todos prejudicados com prejuízos incalculáveis para os armadores, sem esquecer o quanto o País está perdendo em termos de resultado na balança comercial”, afirmou o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.
Os terminais que operam granéis líquidos no Porto estão com as atividades parcial ou totalmente paralisadas pelos bloqueios nos acessos às instalações. Segundo a Associação Brasileira de Terminais de Líquidos (ABTL), entre as maiores dificuldades, está a entrega de insumos para as operações.
Outra grande preocupação do Sindamar é a necessidade de abastecimento dos navios com produtos que são consumidos a bordo. Alimentos, água e itens indispensáveis aos tripulantes não estão sendo entregues
e é possível que haja até racionamento de comida entre as tripulações que escalam no cais santista.
Combustível
De acordo com o diretor-executivo do Sindicato das Agências, também há a possibilidade de que os terminais parem suas operações por falta de combustível. Neste caso, a situação é mais alarmante, já que nem a carga de importação poderá ser descarregada ou removida dos terminais.
O Tecon, na Margem Esquerda, administrado pela Santos Brasil, mantém, desde quarta-feira, um esquema de racionamento do combustível de seus equipamentos.Mas, na tarde de ontem, a empresa conseguiu
uma liminar que permite a passagem de caminhões com o produto para entrega no Porto.
A decisão libera o transporte em todos os trechos de rodovias e vias de acesso que ligam as distribuidoras de combustíveis à empresa no cais santista.
Caso a ordem de liberação da rodovia para a passagem dos veículos não seja cumprida, a liminar determina multa diária de R$ 50 mil e uso de força policial para o trânsito da carga beneficiada.
A liminar foi proferida contra entidades de classe que representam os motoristas, como a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), a Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA) e o Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), além dos próprios manifestantes. A obtenção da liminar
foi confirmada pelo escritório Souto Correa Advogados, que representa a empresa.
Codesp
Em nota, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) confirmou que, com a greve, “houve uma redução nas operações de recepção das cargas para embarque e entrega de mercadorias descarregadas de navios e estocadas em pátios e armazéns”.
Mas destacou que a movimentação realizada pelo modal ferroviário está normal – este serviço responde
por cerca de 26% das atividades do complexo.
Também não foram afetados os embarques de gasolina, óleo combustível, óleo diesel e gasóleo, que ocorrem através de dutos, modal que responde por 4% do total das operações.